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O Diário de Lisboa (DL) era claramente um jornal da oposição, o que se tornava evidente desde a primeira página. A política era predominante nas notícias, mas a cultura e a sociedade ocupava também um lugar de relevo, com destaque, amiúde, na primeira página. Curiosamente, se a censura se adivinhava nos textos, obrigando os leitores a um esforço de adivinhação, a crítica cultural era explícita e muito elaborada, deixando adivinhar a contestação e os debates subterrâneos que atravessavam a sociedade, já nessa altura. Se os censores não primavam pela inteligência, a nesga de liberdade que Marcelo Caetano tinha aberto era aproveitada pelos jornalistas e pela juventude.
Os ventos da contestação que chegavam associados à cultura pop e ao movimento hippie, os movimentos cívicos que tanto ressoavam do Maio de 68 como da luta contra a guerra do Vietname e a rejeição do moralismo conservador asfixiante faziam-se sentir por toda a sociedade e os jornais prenunciavam a revolução.
E também, à semelhança do República, a indicação de «Visado pela Censura» figurava sempre, ostensivamente, na primeira página do jornal.

A política no Diário de Lisboa
Tendo como director Ruella Ramos, o Diário de Lisboa dava especial atenção ao conflito Israelo-Árabe, à Irlanda do Norte, à contestação à experiência atómica norte-americana no Alaska e à guerra do Vietname, ao Chile de Salvador Allende ou ao conflito indo-paquistanês; mas também ao julgamento do caso da herança Sommer e ao vulcão das Canárias (que apenas voltaria a eclodir passados cinquenta anos), contando ainda com as reportagens de Mário Zambujal ou as crónicas de política de Joaquim Letria e a coluna de Manuel de Azevedo - «Fim de tarde em S. Bento» -, relatando diariamente a vacuidade do parlamento. O DL incluía ainda, regularmente, exclusivos do Le Monde ou o Washington Post.

A cultura e a sociedade
No campo da cultura e da sociedade, as colaborações eram vastas, com frequentes chamadas de capa. Uma das colunas mais famosas – o Canal da Crítica - era a crítica de televisão diária de Mário Castrim, que o sujeitaria, e ao jornal, a inúmeros processos por difamação. Por esta altura (final de 1971) o Diário de Lisboa dava conta da acusação de difamação que lhe tinha sido movida por Luís Francisco Rebelo, director do Teatro São Luiz.
O cinema e o teatro tinham espaço regular com Lauro António e Carlos Porto, mas também Fernando Correia Marques, Fernando Luso Soares, Dórdio Guimarães, José Jorge Letria, Sttau Monteiro, e os textos versavam Godard, Arrabal, Eisenstein, Robert Bresson, João César Monteiro ou António Cunha Teles, entre as premières e as polémicas.   
A literatura ocupava um espaço nobre no «Suplemento Literário» semanal, mas também ao longo de toda a semana em colunas avulsas, entre informação, recensões e notas, crítica literária e até mesmo a publicação de excertos de livros e poesia ou textos expressamente escritos para o jornal. A lista de colaboradores era extensa: Fernando Luso Soares, Maria Judite de Carvalho, Urbano tavares Rodrigues, Fernando Assis Pacheco, E. M. de Melo e Castro, Nelly Novaes Coelho, António Quadros, José Cardoso Pires (história de página regular, ilustrada por João Abel Manta), e ainda poesia de Ruy Belo, Fiama Hasse Pais Brandão, Nuno Guimarães, Eugénio de Andrade e Carlos de Oliveira, entre inúmeros outros autores. Também, durante mais de três meses, dezassete escritores responderam a um questionário a propósito da «Nova Crítica Literária»; entre eles Eduarda Dionísio, Jorge de Sena, António Ramos Rosa, Fernando Luso Soares, Gastão Cruz, Eduardo Prado Coelho e Melo e Castro.

O poeta sentado
A crítica literária amiúde assumia forma de polémica ou sátira. Debatia-se o erotismo na escrita de Natália Correia, Eduardo Prado Coelho ou de outros, como João Gaspar Simões (JGS), que reunia o consenso do desacordo.
Numa das crónicas, de 7 de Novembro, Fernando Luso Soares discorre sarcasticamente quanto à pertinência da definição do poeta Fernando Pessoa como «poeta sentado», como o definiria João Gaspar Simões: «Fernando Pessoa pertence, assim, à categoria dos que escrevem sentados» (como Flaubert e ao contrário de Rousseau, de acordo com JGS, que escreveria de pé). Uma página do Suplemento Literário!; e concluía Fernando Soares: «E que então lhe falhava, redonda, a genética e então se mostraria que ele, Simões, nem ensaia de pé, sem sequer mesmo sentado - mas simplesmente de cócoras».

Educação, ensino e pedagogia
Outra coluna regular pertencia a Calvet de Magalhães, sobre educação, e estendia-se entre pedagogia e políticas. No DL de 4 de Novembro, em crónica intitulada «Quem tem medo da educação sexual», Calvet de Magalhães notava como os livros do ensino primário e preparatório eram ausentes de qualquer referência ao sexo dos humanos, ou tampouco dos mamíferos; mas nos livros do Curso Geral dos Liceus (até ao 11.º ano) também as referências eram vagas e o livro oficial do equivalente ao actual 9.º ano apenas apresentava um esquema do aparelho sexual feminino e masculino de uma cobaia e um coelho, enquanto o livro do Curso Técnico de Biologia apenas enumerava (sem mais) os aparelhos do corpo humano que deveriam ser estudados. E concluía jocosamente: «Parece que desta vez a Sociedade Protectora dos Animais não tem nada a protestar…».
Assim era a educação do Estado Novo, quando os meninos e as meninas iam para a escola separados e dois jovens apanhados a beijar-se «na via pública» podiam ir presos. Tempos de respeito…
E não pensem aqueles conservadores patetas que impedem os filhos de frequentar aulas de educação cívica que são originais. Cinquenta nos depois!!! O salazarismo deixou uma herança pesada…

Humor
Um suplemento extravagante era a página dominical, a «Mosca», de crítica social humorística, e que incluía as cartas da Guidinha (p.ex. «Vou meter esse Castrim no tribunal»). Entre o quotidiano pacóvio e os pacóvios do regime, nada escapava ao vitríolo da Mosca. O Diário de Lisboa oferecia largo espaço à sátira!

Os Carlos
Mas os fait divers também tinham espaço no Lisboa. A 4 de Novembro, em nota de rodapé, noticiavam-se os 41 anos do Grupo Onomástico Filantrópico «Os Carlos»; associação que partilhava o mesmo espaço da velha cave do Hot Club na Praça da Alegria.
Na sede do Grupo – relatava a notícia - «houve um bodo, com distribuição de donativos a 400 pobres, todos eles de nome Carlos»!)

A música no DL: da pop ao Jazz
A música (e o Jazz) também ocupavam lugar de destaque no Diário de Lisboa. A música pop e o Festival da Canção eram objecto de notícia e crítica, com um espaço generoso para os novos cantores de intervenção que surgiam nesse início dos anos 70: José Jorge Letria escrevia sobre Zeca Afonso e o Hootenanny folk; Sérgio Fernandes falava de Woodstock, Frank Zappa, os Beatles e Rolling Stones; Raul Calado noticiava o lançamento dos discos de Sérgio Godinho e José Mário Branco; Nuno Gomes dos Santos debruçava-se sobre o fenómeno Motown; Jorge Peixinho escrevia sobre música contemporânea; e debatia-se o Jazz.

O Cascais Jazz: «O espectáculo do ano!»
O Cascais Jazz mereceu larga atenção no Diário de Lisboa, com chamadas de capa de 19 de Novembro: «O festival de Cascais custará mil contos»; e 22 de Novembro: «”Jazz” O espectáculo do ano».
Se a peça de 19 de Novembro era meramente informativa, a propósito da organização do festival, no primeiro dia do festival, José Jorge Letria (que é hoje o Presidente da Sociedade Portuguesa de Autores) entrevistava Manuel Jorge Veloso e Charlie Haden, num texto intitulado «Jazz da casa contribui para a festa» e «Cascais vai presenciar o regresso de Manuel Jorge Veloso à bateria».
A reportagem do festival aconteceria na segunda feira pela pena de José Jorge Letria e Nuno Gomes dos Santos: «Fim de semana no "Jazz" para quinze mil pessoas». E o texto começava: «Um fim de semana com alguns dos maiores nomes do Jazz justifica muita coisa. Justifica, em primeiro lugar, o nome de Festival; justifica as quinze mil presenças nos dois dias em que o Festival Internacional de Jazz de Portugal (Cascais), o primeiro da dinastia, se desdobrou.
Justifica, ainda, os epítetos: Sensacional!, Inédito!, O Maior Acontecimento Musical dos Últimos Anos! E, de facto, os adjectivos em maiúsculas, para além do entusiasmo dos que os pronunciam, estão correctamente aplicados».
A emoção dos jornalistas era notória! Letria e Gomes dos Santos tinham sido contaminados pela música e pelo entusiasmo do público e não poupavam nos adjetivos.  A peça era jornalística, pouco mais que descritiva, com um ou outro apontamento crítico.
Um balanço mais crítico surgiria no dia seguinte, pela pena de José Jorge Letria, mesmo se o tom era igualmente favorável, ressaltando a juventude da assistência e o inédito da organização do festival: «... no segundo dia do festival, tivemos por escassos momentos a sensação de que não era aqui que estávamos. Nada do que ali se passava tinha a ver com a realidade que penosamente nos cerca», e «Foi encorajador ver cerca de oito mil pessoas de mãos erguidas a aplaudirem Ornette Coleman ou os Jazz Giants».

Jazz moderno no Hot Club
Mas, antecipando o festival, o DL de 29 de Outubro tinha noticiado a quinta sessão de um ciclo de audição de discos sobre «Jazz Moderno» no Hot Club, destinada a apresentar alguns dos músicos que iriam estar presentes no Cascais Jazz. 
Dois dias depois, Paulo Gil recuperava uma entrevista a Ronnie Scott e Mike Carr, músicos ingleses que tinham passado por Lisboa um ano antes. Na entrevista, o dono do histórico clube de Jazz londrino com o seu nome, falava da política do clube e panorama do Jazz na GB e em Portugal.
A 4 de Novembro, o DL entrevistava Luís Villas Boas na véspera da sua deslocação a Londres e a Paris, nos preparativos do festival, esclarecendo como iria ser possível realizá-lo através de George Wein que produzia o Festival de Newport (aliás o cartaz era explícito: «Festival de Newport na Europa»), e aproveitando a deslocação dos músicos à Europa; o custo do festival, o preço dos bilhetes e as razões da localização em Cascais; terminando com as exigências da estrela Miles Davis: uma suite em hotel de luxo, nove quartos em hotel de 1.ª classe, cinco automóveis e uma camionete para transporte do material, e ainda o excesso de bagagem de mil quilos…

«Um bom festival sem real significado colectivo»
A primeira nota discordante surge a 7 de Novembro num texto de José Duarte onde questiona o festival em «Jazz, de Varsóvia a Cascais», um texto que tinha como subtítulo «Depois do nada um bom festival sem real significado colectivo».
Zé Duarte começa por informar da existência de uma federação europeia de Jazz que teria como propósito fomentar actividades colectivas internacionais com vista a divulgar e vitalizar o Jazz de forma consolidada; cuja actividade contrapunha à realização de um festival de Jazz ocasional (como seria o Cascais Jazz), que traria para o Jazz «uma nova burguesia (que) chega ao Jazz e vem ainda quando estudante, quando jovem, cheia de confusões na cabeça, à procura de poemas, com visita curiosa, pronta para amanhã sorrir às paixões musicais da adolescência». E concluía: «Entretanto o próximo festival de jazz em Cascais não vai servir de índice de interesse pelo jazz, nem sequer de teste ao seu futuro por cá. Aliás este festival tem um significado fortemente ilusório que convém, desde já, explicitar: por um lado ele não é a consequência dum entusiasmo e interesse notáveis, mas apenas uma iniciativa individual, apoiada no grande capital e desligada de qualquer significado colectivo; por outro lado, e dada a excepcional importância e valor dos músicos que nele irão actuar, este festival vem colocar o jazz numa posição ingrata em relação às outras artes e respectivas manifestações». E «Assim se vai dar uma recuperação aparente, uma reabilitação de fim de semana, uma ilusão de vitalidade na aceitação, quando afinal o jazz é som e estética das quais permanecemos arredados de facto. Um festival como este, continua a ser um grande acontecimento artístico, neste aspecto com êxito previamente assegurado, mas nunca poderá ser utilizado como índice de cultura desta sociedade ou até, por exemplo, como aceitação da cultura negra. Disto há que se estar bem ciente.»

Phil Woods
A 11 de Novembro o Diário de Lisboa, em texto não assinado «Veja quem são os músicos que acompanham Phil Woods», apresenta Gordon Beck, Ron Mathewson e Daniel Humair.

A notícia de 19 de Novembro acima referida, e que mereceu honras de capa, citava Luís Villas Boas para referir o orçamento do festival e o clima de «optimismo temperado» que se vivia em Cascais, bem assim como algumas peripécias vividas nos dias que o antecediam. De notar que o festival vinha inaugurar o pavilhão que tinha as obras suspensas desde há dois anos, havendo inúmeros problemas operacionais de última hora, não previstos.

No primeiro dia do festival (20 de Novembro) a notícia surge em forma de entrevista de José Jorge Letria, de meia página, a Manuel Jorge Veloso e Charlie Haden; e nos dias seguintes, na segunda 22, o Cascais Jazz volta à capa com a peça «Jazz o espectáculo do ano», com reportagem de Letria e Nuno Gomes dos Santos; e a 23 no balanço do mesmo José Jorge Letria.

Banha da cobra
Na ressaca do festival (de novo a contestação), já no Suplemento Literário de domingo 28, José Alberto Gil questionava a ignorância musical do público e o logro «banha da cobra» dos efeitos sonoros utilizados por Miles Davis («os glissandos mais que gastos»), Phil Woods («o grande gato servido em vez de lebre») e Dexter Gordon, e elegendo a «coesão e independência» dos Giants of Jazz e o «humor fabuloso» de Keith Jarrett e um ou outro apontamento de Gary Bartz e de Ron Mathewson como os melhores momentos do festival.
Ao contrário de outros, Gil apontava o concerto de Phil Woods como o pior concerto: «É patologicamente interessante. Na exibição deste grupo foi absolutamente evidente a submissão da linguagem às palmadas do público, que comia avidamente todos os sons “esquisitos” que noutros contextos lhe provocariam certamente uma indigestão». E concluía: «Uma última coisa. Há um dado factor que está por detrás disto tudo e que é o fascínio da solenidade. Naquelas circunstâncias uma trompete se for bem tratada pode soar como a trombeta do juízo e se for mal tratada é como a missa na sé, ou um concerto na Gulbenkian e em Cascais viu-se um admnistrador da dita a baloiçar-se. Seria swing? A solenidade varia na razão directa do provincianismo e o ênfase dado à coisa funciona apenas como vacina. Senão vejamos todas as palermices que se escreveram nas reportagens de todos os jornais, o arzinho dos apresentadores mormente do Nuno Martins que deve ser o tipo nesta terra que mais se esforça na razão inversa do que diz. E havia ainda as calças do Miles, os artelhos a dar a dar e os passinhos de dança espalhados pelo pavilhão, carta idiota a apresentar por tabela seca os mordomos da festa». «Enfim, assimm se fazem as cousas»: e citava Gil Vicente.

Dizzy Gillespie: virtuosismo e técnica
Imediatamente ao lado, um artigo de três colunas de Paulo Gil apresentava Dizzy Gillespie como «um dos principais trompetistas do período bop, senão o mais importante. Foi na verdade, com Charlie Parker, o promotor da corrente bop. Duma técnica instrumental e dum virtuosismo impressionantes, grande parte da força de impacto inicial do bop a este trompetista se deve. A velocidade e a facilidade de atingir agudos altíssimos ajudaram a dar ao novo estilo dos anos 40 (o bop) um incremento junto do público que se mostrava refractário à sua aceitação. O ataque das notas ainda hoje é de uma perfeita precisão».
Para Dizzy, concluía, «a música não pode ser nunca um veículo de contestação ou um processo de ataque directo (como crítica social e política), uma vez que a sua religião não permite qualquer manifestação de ódio. Na sua opinião, o jazz já não é de modo algum um “fenómeno” simplesmente americano: tornou-se uma linguagem artística universal».

Jazz & etc: escola de liberdade!
E ainda no mesmo dia, ainda, um terceiro texto, este último um soberbo naco de prosa (como só ele era capaz) do insigne Vítor Silva Tavares (VST), editor da & etc magazine de artes e da editora com o mesmo nome. Em «Jazz a grande festa» VST faz o elogio do festival como ponto de encontro de músicos e de público, começando onde o festival tinha acabado, depois da actuação dos Giants of Jazz, com as palavras de Luís Villas Boas: «Meus senhores, isto é o Jazz!».
VST declarava-se ao Jazz: «O jazz: essa paixão quente e dolorosa, essa imediata inteligência criativa, essa nostalgia, essa fúria, essa lucidez, essa aposta noutra humanidade que já queremos (exigimos) ser, esse haver-por-dentro um ritmo, luzes, cores, humor, imaginação, experiência, liberdade, essa outra maneira de entender e praticar a vida, essa crueldade, essa regra sem regras, essa terra sem fronteiras, esse gosto perpetuamente adolescente, essa manhã, essa noite, essa raiva, esse amor sem grades arqueológicas.», ou «O jazz: esse instante inicial onde tudo se ganha e tudo se perde, essa efémera centelha, esse gosto de afirmar arriscando o silêncio provável.» e «É uma escola de liberdade».
E sobre o Cascais Jazz prosava Vítor Silva Tavares: «Aconteceu jazz em Cascais. Quer dizer: houve gente e música - e era tudo a mesma coisa. Porque no jazz não há músicos sem gente, mesmo que haja palco e plateia. Aconteceu gente em Cascais e foi por isso a festa. Caberá a eruditos (sem menosprezo) diferenciar músicos e escolas, estabelecer etapas de evolução, optar criticamente, pois que na grande festa de Cascais houve matéria distinta e margem para apostas estéticas senão outras», e concluía: «Quer isto dizer que o Festival não foi um cortejo de múmias, por mais respeitáveis - nem um festival compostinho, prudente, jogando apenas no seguro. Naquela grande confusão (de organização, de qualidade musical, de público) residiu, quanto a nós, a riqueza maior da festa, o seu risco magnífico, a sua pujante vitalidade. O recinto não estava “habitável”, o som deixava muito a desejar, os intervalos (sobretudo no dia 20) tornaram-se insuportáveis, etc. etc. Mas na incomodidade, por vezes na exasperação, houve lugar para a alegria colectiva que o jazz proporciona. É isso: alegria colectiva. Cada qual que procure agora suas razões particulares. Ou repensadas desrazões». Magnífico!

Sem consenso
O Cascais Jazz não reunia o consenso da crítica, ao contrário do que tinha acontecido com o público, que tinha feito do festival uma verdadeira festa de música e de liberdade. E esta divergência reflectia-se no Diário de Lisboa, que era particularmente receptivo a polémicas.
Viviam-se tempos conturbados e os jornais (alguns jornais) eram um cadinho da contestação que se precipitava. Mas é muito interessante observar como a sociedade fervilhava, como se discutiam argumentos, como se polemizava, e como a cultura tinha lugar na imprensa e na sociedade (pelo menos numa parte, numa elite, talvez); mas muitos dos protagonistas destas polémicas foram ao longo dos últimos cinquenta anos actores pertinentes da nossa sociedade.

Sobre Jazz escreveram no Diário de Lisboa:
José Jorge Letria
Nuno Gomes dos Santos
José Duarte
Paulo Gil
José Alberto Gil
Vitor Silva Tavares